Choro, vela e muitas alegrias | Um papo sobre Viva
“E se…?” É a pergunta realizada pelos criativos da Pixar Animation Studios ao pensarem as premissas, os argumentos, de seus filmes. “E se os brinquedos tivessem vida própria?” – Toy Story. “E se um rato pudesse cozinhar melhor que um Chef?” – Ratatouille. “E se as nossas emoções vivessem na nossa cabeça e controlassem nossas ações?” – DivertidaMente.
Para contar a sua história, Viva – A Vida é uma Festa (Coco), o 19º longa-metragem do estúdio californiano, trás à tona diversas questões: “E se pudéssemos ir ao mundo dos mortos e encontrar nossos parentes?”, “E se eu quisesse ser músico em uma família de sapateiros que aboliu a música da família?”, “E se eu fizesse qualquer coisa para conquistar um objetivo, valeria à pena?”. Essas, e outras perguntas, convergem para um único ponto: empatia; a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro.
[Em inglês essa última frase ganha ainda um significado especial em relação à história. The ability to “walk in someone else’s shoes./A habilidade de andar com o calçado de outra pessoa.” é como se fala em inglês sobre empatia. E a família Rivera tornou-se, ao renegar a música no passado, uma família de sapateiros! ;)]
Apesar de aparentemente tratar apenas sobre a jornada misteriosa de um menino no dia dos mortos, Viva é um filme habilmente realizado com uma série de camadas de significados, todos costurados e unidos com a construção de um universo extremamente detalhado baseado na cultura mexicana. Os cenários, a luz, as cores, a música, os detalhes dos personagens, a arte do filme… tudo foi pensado e criado para dar sentido à trama e todos os pontos estão devidamente conectados.
Com grande cuidado para não retratar, construir ou reforçar estereótipos, do que o mundo enxerga como cultura mexicana, Lee Unkrich e Adrian Molina criaram um universo crível (tanto no mundo dos vivos como no dos mortos) que captura o espectador e o leva junto na jornada do garoto Miguel e seu carismático cão Dante pela história da família Rivera.
Viva é um belo filme sobre sonhos, família, união, vida, morte, expectativas, realizações, reconhecimento, conflito de gerações, história, memórias, esquecimento, reconciliação, revelações… tudo isso sempre permeado pela importância de termos empatia pelo outro; de nós colocarmos no lugar do outro antes de julgarmos suas atitudes.
É um filme necessário nos dias atuais, com uma mensagem para todos, não importando ser criança, jovem ou adulto. Apesar de extremamente belo (o que é óbvio nas produções da Pixar Animation Studios) a mensagem e a história são o mais importante na produção. Uma excelente história que tem a arte ao seu favor.
Um filme para ser visto e revisto. Uma história encantadora com muito choro, vela e alegrias que prenderá a sua atenção a cada vez que assistí-la.
E, para terminar esse nosso “papo” sobre Viva – A Vida é uma Festa (Coco), fica uma citação, de um espectador mexicano, compartilhada pelo estúdio na festa de lançamento do filme.
“Em um mundo onde muitos querem construir muros, Viva (Coco) é um filme que constrói pontes.”
Viva – A Vida é uma Festa (Coco) é o 19º longa-metragem da Pixar Animation Studios, tem direção de Lee Unkrich, co-direção de Adrian Molina e produção de Darla K. Anderson e estreou nos cinemas brasileiros no dia 4 de janeiro de 2018.